quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Vênus - Filó a fadinha lésbica - Revista Continente















HILDA HILST EM ANIMAÇÃO PORNOGRÁFICA
Sávio Leite encontrou no curta-metragem 'Vênus: Filó, a fadinha lésbica' a melhor linguagem para traduzir o anárquico, iconoclasta e provocativo poema de Hilda

TEXTO JÚLIO CAVANI
09 DE AGOSTO DE 2017
Fonte: http://revistacontinente.com.br/coberturas/cine-ceara/hilda-hilst-em-animacao-pornografica

O curta 'Vênus' é baseado na poesia 'Filó, a fadinha lésbica', de Hilda Hilst, e deverá incomodar pelas escolhas

Finalmente chegou ao Brasil um dos curtas-metragens nacionais mais bem-sucedidos de 2017 no circuito internacional. Vênus: Filó, a fadinha lésbica, do mineiro Sávio Leite, foi lançado no concorrido Festival de Berlim em fevereiro deste ano e, em junho, ainda participou do Festival de Annecy, principal mostra de cinema de animação do mundo. Depois de passar por 25 cidades no exterior, o filme fez a estreia brasileira oficial em Fortaleza na programação do Cine Ceará*.

A primeira exibição nacional, na verdade, seria no Recife, no Cine PE, mas Sávio Leite foi um dos diretores que decidiram retirar o filme da programação em protesto político contra o festival do empresário Alfredo Bertini (primeiro secretário do audiovisual do governo Temer, acusado de sabotar a participação de Aquarius na disputa por uma indicação ao Oscar). Vênus também não entrou no Anima Mundi, talvez por possuir um conteúdo pornográfico demais para o perfil conservador da mostra de animação realizada em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O filme faz parte de uma série de animações de Sávio Leite com títulos de nomes de planetas do sistema solar. Vênus é baseado na poesia Filó, a fadinha lésbica, da escritora Hilda Hilst (1930-2004), lançado em 1992 no livro erótico Bufólicas. No curta, o texto é interpretado por Helena Ignez, uma das maiores atrizes do cinema brasileiro (presente em clássicos como O bandido da luz vermelha, O padre e a moça e Copacabana mon amour).

Sávio encontrou na animação a melhor linguagem para traduzir o anárquico, iconoclasta e provocativo poema de Hilda. Ele ainda desenvolveu uma adaptação bastante atual, ao utilizar a linguagem dos GIFs animados da internet, populares em sites de sexo explícito. Algumas das cenas, inclusive, foram desenhadas por cima desses pequenos vídeos repetitivos montados a partir de poucos frames ou fotos.

Em um tempo de engajamento político nas questões LGBT, é provável que Vênus vá incomodar e enfrentar cobranças exigentes, até por ser um filme realizado por homens com uma protagonista feminina e lésbica (o premiado Azul é a cor mais quente, por exemplo, foi bastante combatido na França). A assinatura de Hilda e a voz de Helena ajudam a contrapor essas possíveis críticas, assim como o tom nonsense da narrativa, que, em determinado ponto, desconstrói e reinventa as normatividades sexuais de forma escrachada e libertária. A correspondência entre palavras e imagens é bem livre, indireta e não linear, com um fluxo de informações que alcança mais sentido no subconsciente sexual da plateia.

A trajetória do curta coincide ainda com um bom momento vivido pelo cinema de animação produzido no Brasil, simbolizado pela indicação ao Oscar, conquistada em 2016, do longa-metragem O menino e o mundo, de Alê Abreu. Ainda no mesmo ano, o desenho animado Quando os dias eram eternos, de Marcus Vasconcelos, foi um dos curtas mais premiados do país e venceu, inclusive, o troféu Candango de Melhor Curta-Metragem no Festival de Brasília (disputado também por filmes de ficção e documentários). Em 2017, é celebrado o centenário da animação brasileira, que começou em 1917 com O Kaiser, de Álvaro Martins.

A primeira projeção de Vênus: Filó, a fadinha lésbica no Recife ainda não tem data definida, mas é possível que o curta esteja nos festivais Animage (o mais provável), Janela Internacional de Cinema ou Recifest, pois se encaixa bem nos perfis dos três eventos.

JÚLIO CAVANI, jornalista, crítico e realizador. Dirigiu os curtas Deixem Diana em paz (2013) e História natural (2014). Atualmente, é também curador do festival Animage.

* O jornalista viajou a convite do festival, realizado de 5 a 11 de agosto em Fortaleza (CE).

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Vênus Filó a fadinha lésbica - Imprensa












(Denis Leroy)


Cine Ceará 2017: Animação brasileira exibida no Festival de Berlim traz cenas de sexo explícito
Conheça o curta Vênus - Filó, a Fadinha Lésbica.
Francisco Russo
7 AGO 2017 17h08
fonte: https://www.terra.com.br/diversao/cinema/adorocinema/cine-ceara-2017-animacao-brasileira-exibida-no-festival-de-berlim-traz-cenas-de-sexo-explicito,c6124e2bd3d5227d35560215779e3f57m7xj8ely.html


Dentre os  12 filmes brasileiros selecionados para o Festival de Berlim deste ano, um deles chamou a atenção já pelo título: Vênus - Filó, a Fadinha Lésbica. Feito inteiramente em animação, o curta dirigido por  Sávio Leite teve sua première mundial em plena Berlinale, onde pôde apresentar a versão com imagens do poema erótico homônimo escrito por Hilda Hilst, publicado no livro Bufólicas.

A estreia em festivais brasileiros teve que aguardar um pouco. Inicialmente previsto para o Cine PE, o curta foi retirado da programação devido ao  protesto coletivo sobre o discurso partidário de direita de alguns filmes selecionados, como  O Jardim das Aflições e Real - O Plano por Trás da História. Desta forma, a primeira exibição pública em festivais nacionais teve que ser adiada para o Cine Ceará, onde também foi selecionado para a mostra competitiva.

Exibido ontem no Cine Teatro São Luiz,

Filó, a Fadinha Lésbica
deixou parte do público desconfortável devido ao forte conteúdo erótico. Narrado com uma boa dose de deboche pela inconfundível voz de Helena Ignez, musa do cinema marginal, o curta traz várias cenas de sexo explícito ao contar a história do sequestro de Filó por um "cara troncudão com focinho de tira".
Feito através da técnica de rotoscopia, onde se desenha a partir de imagens gravadas, Filó teve como grande inspiração os gifs animados eróticos - não por acaso, a internet é citada nos agradecimentos presentes nos créditos finais. Provocador e ousado, o curta tem como proposta maior cutucar o tabu em torno do sexo a partir de um supostamente singelo conto de fadas.

O Cine Ceará continua nesta segunda-feira, com a exibição de mais três curtas e o longa argentino Ninguém Está Olhando. Acompanhe nossa cobertura diária no

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

HORIZONTE TRANSVERSAIS - Ana Moravi (prg.)






 MORAVI, Ana. Horizontes Transversais - artistas do som e da imagem em Minas Gerais (2000/2010) - Belo Horizonte: Instituto Cidades Criativas, 2014, 320 p.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017