domingo, 2 de março de 2014



17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

*Extras Por Cid Nader

Texto para dois filmes deixados pelo caminho na cobertura da Mostra. Mais uns dois ou três ainda continuam em processo. Entrarão pelo decorrer do ano, em outros eventos.

FILME • CENA MINEIRA • SESSÃO DE CURTAS

Saturno, de Sávio Leite, Cléssius Rodrigues. ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 8MIN, 2014, MG

É sabido que Sávio Leite – de nossos mais profícuos realizadores – não é animador à moda antiga de pensar-se neles: não faz animações de visual fru-fru, com histórias lúdicas, e muito menos ainda pensando-as para criancinhas. É sabido, também, que parece estar querendo usar todos os planetas do sistema solar no que seria uma espécie de consolidação autoral de sua carreira. Quando vamos a Saturno, para além de imaginarmos mais um passo dado na direção do “autoralismo”, o notamos trabalhando em codireção com Clécius Rodrigues: mais do que a novidade, notamos nos créditos finais que as animações, afinal de contas, estão marcadas como sendo de Clécius. Fica o querer saber sobre se as ideias seriam de Sávio, basicamente; sobre se alguns dos setores do 2D também não seriam (fácil notar em alguns dos personagens desenhados pro traços a mão dele); sobre se Clécius é o maior (ou único) responsável pelas “questões 3D” (com stop-motion gerados por massinha, madeira, argila...), mesmo mantendo unidade básica e perceptível com as figuras registradas na “fase desenho”.


Um ou outro, ambos, o que conta afinal é querer saber se o trabalho rendeu bem. E sim, rendeu. Principalmente por ser daqueles que se aliam ao não fru-fru citado acima, que tentam nas beiradas dos comportamentos um refletor de ideias não conformadas, ou que questionam não conformismo em época de juventude, transformado na realidade atual. Animação de figuras transgressoras (tanto em tela como por trás delas), que jamais cederão ao traço comum, e que tem incrível dinamicidade no curso de seus momentos costurada e levada por um belíssimo trabalho de trilha sonora. Além de revermos e renotarmos Sávio em pleno vigor, aqui (porque, sim, é uma carreira de vigor), a parceria com Clécius talvez tenha sido a responsável por atenção bastante rara e importantíssima atenção às bandas sonoras. Daí à sensação de que tudo se dá em looping contínuo (sensação, semelhança...), que não deixa espaços sobrando ao visual, corroborado por nada de vazios (tempos mortos) à audição. E temos um trabalho completo, muito mais ainda pelas aglutinações de manipulações que são basicamente ações técnicas.

https://cinequanon.art.br/gramado_detalhe.php?id=1169&id_festival=115

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