17ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
*Extras Por Cid Nader
Texto para dois filmes deixados pelo caminho na cobertura da
Mostra. Mais uns dois ou três ainda continuam em processo. Entrarão pelo
decorrer do ano, em outros eventos.
FILME • CENA MINEIRA • SESSÃO DE CURTAS
Saturno, de Sávio Leite, Cléssius Rodrigues. ANIMAÇÃO, COR,
DIGITAL, 8MIN, 2014, MG
É sabido que Sávio Leite – de nossos mais profícuos
realizadores – não é animador à moda antiga de pensar-se neles: não faz animações
de visual fru-fru, com histórias lúdicas, e muito menos ainda pensando-as para
criancinhas. É sabido, também, que parece estar querendo usar todos os planetas
do sistema solar no que seria uma espécie de consolidação autoral de sua
carreira. Quando vamos a Saturno, para além de imaginarmos mais um passo dado
na direção do “autoralismo”, o notamos trabalhando em codireção com Clécius
Rodrigues: mais do que a novidade, notamos nos créditos finais que as
animações, afinal de contas, estão marcadas como sendo de Clécius. Fica o
querer saber sobre se as ideias seriam de Sávio, basicamente; sobre se alguns
dos setores do 2D também não seriam (fácil notar em alguns dos personagens
desenhados pro traços a mão dele); sobre se Clécius é o maior (ou único) responsável
pelas “questões 3D” (com stop-motion gerados por massinha, madeira, argila...),
mesmo mantendo unidade básica e perceptível com as figuras registradas na “fase
desenho”.
Um ou outro, ambos, o que conta afinal é querer saber se o
trabalho rendeu bem. E sim, rendeu. Principalmente por ser daqueles que se
aliam ao não fru-fru citado acima, que tentam nas beiradas dos comportamentos
um refletor de ideias não conformadas, ou que questionam não conformismo em
época de juventude, transformado na realidade atual. Animação de figuras
transgressoras (tanto em tela como por trás delas), que jamais cederão ao traço
comum, e que tem incrível dinamicidade no curso de seus momentos costurada e
levada por um belíssimo trabalho de trilha sonora. Além de revermos e renotarmos
Sávio em pleno vigor, aqui (porque, sim, é uma carreira de vigor), a parceria
com Clécius talvez tenha sido a responsável por atenção bastante rara e
importantíssima atenção às bandas sonoras. Daí à sensação de que tudo se dá em
looping contínuo (sensação, semelhança...), que não deixa espaços sobrando ao
visual, corroborado por nada de vazios (tempos mortos) à audição. E temos um
trabalho completo, muito mais ainda pelas aglutinações de manipulações que são
basicamente ações técnicas.
https://cinequanon.art.br/gramado_detalhe.php?id=1169&id_festival=115
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