quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A VIDA ANIMADA DA FADINHA FILÓ




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Filó, a fadinha “lésbica, gorda e miúda” de Bufólicas, vai sair dos livros e ganhar vida em uma animação do estúdio Leite Filmes. O curta está em fase de finalização e, enquanto os leitores de Hilda Hilst aguardam, com ansiedade, sua chegada em festivais, Sávio Leite, um dos idealizadores, conta um pouco sobre o trabalho de adaptar a poesia escrachada da escritora para o mundo dos desenhos animados.
De onde surgiu a ideia de fazer uma animação a partir da obra de Hilda Hilst?A ideia do curta nasceu logo depois da leitura do livro Bufólicas. O livro é completamente visual. Queria encaixar o texto dentro de uma série que faço usando a mitologia como referência. A série já possui Marte (2003), Plutão (2004), Mercurio(2007), Terra (2008) e Saturno (2014). Pelo texto sabia que o símbolo seria feminino, daí ai a vontade de fazer Vênus a partir do texto Filó, a fadinha lésbica. O poema é um fluxo continuo de imagens.
Como começou o seu contato com a obra da autora?Sou curioso em conhecer os grandes autores da literatura brasileira e internacional. Também sou um leitor voraz. Os livros da Hilda Hilst vieram para a minha mão por intermédio do dramaturgo mineiro Juarez Guimarães Dias. A obra dela me atingiu em cheio como uma porrada. Porrada essa se sente em outros autores como Lúcio Cardoso, Guimarães Rosa e Dalton Trevisan. Um tsunami de imagens arrebatadoras. Li de uma leva uns 10 livros dela. Sua literatura para mim foi como uma revelação.
Além de Bufólicas, algum outro texto ou livro de Hilda Hilst lhe chamou a atenção?
Sim. Gosto muito do triangulo pai, filho e ursa em Teatrinho nota zero e o Sapo Liu Liu preocupado com seu orifício.
Como está sendo o processo de adaptar a literatura de Hilda para a linguagem de animação?A adaptação cinematográfica tem sido prazerosa em todos os sentidos. O texto foi gravado e narrado pela atriz Helena Ignez, um ícone do cinema novo e marginal, que está na ativa, inclusive dirigindo filmes. Os desenhos foram feitos pelo artista plástico, animador e grafiteiro Denis Leroy com que já tinha trabalhado anteriormente no curta Terra e o desenho sonoro será feito por músicos de Belo Horizonte, que ao longo do tempo tem feito trilhas para outros filmes meus: Fabiano Fonseca e Sérgio Scliar. O texto da Hilda Hilst por si só é repleto de imagens o que acaba sendo um prazer saborear cada palavra.
Que tipo de público vocês pretendem atingir?
Creio que o publico adulto será maior, mas penso também nos festivais de cinema com temáticas da sexualidade e gênero.
Vocês pretendem inscrever a animação em algum festival ou rodar em circuito comercial?
Inicialmente o curta buscará exibição em festivais de cinema. Seria até uma boa ideia tentar lança-lo num circuito comercial, o que é raro de acontecer no Brasil.
A imagem é de autoria de Denis Leroy.