sábado, 2 de fevereiro de 2013

Crítica Macacos me Mordam


Macacos me Mordam, de Sávio Leite, César Maurício - ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 9MIN, 2012, MG
Por Cid Nader
16ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES - Sexta-feira - (publicado: 26/01/2013)

“Ai de quem preguiçosamente descascasse uma banana”... Isso, lido pela voz quase vagabunda de Paulo César Peréio já poderia significar a máxima representação do que é essa animação de Sávio Leite e César Maurício... A grife “escracho Sávio Leite” está lá: escracho no sentido de que por desenho se diz o que se quereria, mas nos contemos. O conto de Fernando Sabino no qual foi inspirado o curta é uma preciosidade por si, no texto que sugere inconformidades e perseguições, no humor seco e preciso, nas sacadas (como a que inicia esse texto). A utilização de Peréio na narração, contribui demais para aumentar o tom do sarcasmo, e combina demais com os traços bastante específicos e propositalmente sujos da animação.

Animação de ponta de lápis, com boa parte de suas imagens abastecidas pelo PB tradicional nesses casos – traços que variam dos mais singelos e dóceis de uma linha só aos “poluídos” por preenchimento total dos espaços – mas que sugere instantes mais inespecíficos de azul escuro, e outros mais necessários na utilização do vermelho. Inquestionável a qualidade do obtido visualmente, de raros e nada “vagabundos” movimentos, de inventividade nos quadros (como se fossem tomadas diferentes de câmera), de inventividade pela não adequação aos modelos mais comuns (isso sei que é de Sávio, não sei o quanto de César). E extremamente competente e direto como trabalho fechado (âmago e estética). Quando pensava em filme mais “desbocado” (Peréio e Sávio Leite juntos...), deparo com obra aparentemente simples e bastante complexa: e ótima, talvez maravilhosa, nessa “equação” de se disfarçar e oferecer (ostentar) muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário