sexta-feira, 5 de junho de 2009

VII MOSTRA MINAS DE CINEMA E VÍDEO


VII MOSTRA MINAS DE CINEMA E VÍDEO
[DE 04 A 06 DE JUNHO DE 2009]

Palácio das Artes
VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo 4 a 6 de junho
Cine Humberto Mauro


No início de junho, o Cine Humberto Mauro apresenta a VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo. Neste ano, além da mostra competitiva, o realizador Sávio Leite será homenageado com uma mostra dedicada a seus trabalhos. Puderam se inscrever na mostra competitiva, sem restrições de formato, obras audiovisuais nas seguintes categorias: ficção, documentário, vídeo-poema, experimental e animação. Além da competitiva e das mostras Homenagem e Educação, irão acontecer mesas-redondas que discutirão a criação e a pesquisa na produção de vídeo e cinema contemporâneo compostas por realizadores, pesquisadores da história do cinema e de literatura.


04 QUI
19h Abertura + Mostra-Homenagem: Sávio Leite
20h30 Mesa Redonda - Metamorfose e Risco no Cinema de Sávio Leite

05 SEX
19h Mostra Competitiva 1
20h30 Mesa Redonda - Cinema mineiro: desafios e realizações

06 SAB
16h Mostra Educação: Leitura de Telas e Textos
18h Mostra Competitiva II
20h30 Mesa Redonda - Audiovisual e A Educação Contemporânea
21h30 Premiação

VII MOSTRA MINAS: ENTRADA FRANCA COM RETIRADA DE INGRESSOS MEIA HORA ANTES DA SESSÃO

Serviço
Evento: VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo
Local: Cine Humberto Mauro
Data: 4 a 6 de junho
Entrada franca com retirada de ingressos meia hora antes da sessão
Balcão de Informações: (31) 3236-7400. O Balcão de Informações funciona de segunda a domingo, das 14h às 21h.


Entrevista com Sávio Leite feita por Nian Pisolato

Conhecido pelo caráter experimental de suas obras, Sávio Leite é uma das referências no cinema de animação mineiro contemporâneo. Sávio já dirigiu dez curtas e participou de diversos festivais de cinema, sendo premiado diversas vezes no Brasil e no exterior. O realizador será homenageado na VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo, a ser realizado no dia 04 de junho, no Cine Humberto Mauro. Nesta conversa o realizador fala sobre as produções nacionais e internacionais e sobre o MUMIA – Mostra Udigrudi Mundial de Animação, festival criado por ele, que este ano chega à sétima edição.

Como surgiu essa homenagem que a VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo faz a você?
Bem, essa mostra é realizada pela Faculdade de Letras da UFMG, que tem um projeto que se chama A Tela e o Texto, que chega agora na sétima edição. A Maria Antonieta, professora aposentada entrou em contato comigo. Eu, na verdade, sou muito novo para ser homenageado. Embora já tenha mais de 10 curtas, ainda me acho muito novo. Eles então fizeram a seleção de alguns curtas meus, justamente que tem uma relação com a literatura: Eu Sou como o Polvo, que eu fiz com o Lourenço Mutarelli; o outro é o vídeo sobre o artista mineiro Pedro Moraleida, chamado É proibido jogar futebol no adro desta igreja ou o retrato de um artista enquanto jovem diante do século XXI e de tudo mais ou Tratado de dissipação , principio de redução; selecionaram também o Terra, que está sendo um dos meus filmes mais premiados, que trabalha com um poema do escritor mineiro Sérgio Fantini; e escolheram um outro curta, que é o meu primeiro trabalho de animação, de 2004, chamado O Vento.

Sua história é muito ligada à animação. Seu primeiro trabalho já foi nesse formato?
Não. Na verdade eu sou formado em Comunicação Social. Formei em 1993 com 21 anos de idade. E quando eu estava formando eu descobri que queria mexer com cinema. E coincidentemente uma das minhas professoras trabalhava com Cinema, a Patrícia Moran. Ela foi minha orientadora e depois disso eu comecei a fazer alguns curtas, fiz alguns videoclipes. Mas em 1998 fui fazer um curso de animação e então me apaixonei de verdade com animação. Eu sempre gostei de um cinema mais questionador, mais experimental, amo Glauber Rocha, Godard, mas aí eu descobri que animação dava condições de ser muito mais ousado do que cinema de imagem direta. Porque a imagem direta tem uma certa limitação para você fazer determinadas coisas e a animação não. E foi nesse curso que eu descobri a animação, descobri que coisas que eu via na minha infância, que eu fui ver depois de mais de 20 anos, me pareciam super novas ao olhar. Irônico, subversivo, coisas que eu ainda não tinha percebido. E isso é uma coisa que eu sinto na televisão hoje em dia. Esses desenhos de hoje são todos alucinados, então é muita informação que a animação pode dar.

É preciso muitos meios técnicos para se fazer animação?
Tem uma frase do Rosselini que é assim: “O grande erro do pessoal que trabalha com cinema é querer ser muito técnico”. Porque a técnica na verdade é um engano. Em três dias você aprende a fazer. O que ainda vale é uma boa idéia, a técnica fica em segundo plano. E eu acho que até hoje as melhores animações ainda guardam um traço manual. Então, apesar de todo avanço da tecnologia você ainda tem quase o mesmo trabalho de desenhar, de remodelar. Então eu acho que animação tem o poder de usar esse caráter quase artesanal e colocá-lo nas novas tecnologias. Claro que um bom computador, essas mesas digitalizadoras, ajudam muito. Mas ainda hoje é muito valorizado esse processo manual.

E é assim que seus filmes são feitos?
É. Todos eles são feitos de maneira manual.

Como você vê a produção de animação em Belo Horizonte?
BH é uma cidade que tem um dado singular: é a única capital do Brasil que tem um curso de nível superior regular em animação, na Faculdade de Belas Artes da UFMG. Isso permite que a cada ano se produza muito. As duas últimas realizações da EBA foram muito premiadas: O Lúmen e o Moradores do 304. Eu acho que isso é um dado fundamental e bem específico de Minas.

E a produção não acadêmica?
Tem também... e por outro lado a gente está formando aqui a Associação Brasileira de Cinema de Animação, mas a gente está fazendo a nossa parte de Minas Gerais. Temos 15 pessoas nessa associação. Pessoas de Uberlândia, Juiz de Fora... São pessoas que estão produzindo, tem também pessoas mais teóricas, tem blogs de discussão. Porque eu acho que a animação ainda tem que ser descoberta pelo grande público. Já tivemos o boom da ficção, estamos vivendo o boom do documentário, e acho que a próxima onda vai ser animação, que já está começando. Antigamente existia apenas o Disney que fazia os filmes de animação. Ele era um gênio, mas não havia diversidade. Hoje existe. Você vê, por exemplo, o Hayao Miyazaki, no Japão, ganhando o Leão de Ouro em Berlin. E hoje tem a Pixar, a DreamWorks...Acho então que a animação está deixando de ser rotulada pelas pessoas como entretenimento só para crianças.

Cite algumas referências de animação para quem quer conhecer mais sobre animação
Bom, gosto de todos os filmes da Pixar, começando pelo primeiro, Toy Story. Assim como todos os filmes da Disney. Tem um inglês chamado Phil Mulloy que eu também acho boa referência. Gosto também do Chris Cunningham, que fez vários clipes para a Björk. E tem o Michel Gondry, que tem uma veia experimental de animação bem bacana. Outra refrência é o tcheco Jan Svankmajer, que fez Dimensões do Diálogo, que é sensacional. Aqui no Brasil tem o Allan Sieber, todos os filmes dele são legais, tem o Otto Guerra que fez Wood e Stock.

Existe um país onde esteja mais concentrado essa produção independente de animação?
Na França. Outros países que estão produzindo muita animação também é a Coréia e a China. Mas a França é imbatível e tem muita qualidade.

Quais sites você recomenda para quem quer conhecer mais animações?
O www.portacurtas.com.br tem várias animações e curtas brasileiros. Talvez um dos sites mais completos que exista. Outro legal também é o www.curtaocurta.com.br, um site do Rio de Janeiro, bem legal. Tem também o blog do MUMIA (Mostra Udigrudi de Animação), que eu realizo. Lá eu não posto os curtas, mas publico endereços onde as pessoas podem achar. Eu quero que esse blog venha a ser uma referência de animação no Brasil. Desde o ano passado tudo o que é referência de animação, tanto brasileira como internacional, eu publico, para que seja uma fonte de pesquisa. Porque eu acho que falta um estudo teórico sobre animação. Não só sobre animação, mas curta-metragem em geral.

Conte um pouco a trajetória do MUMIA.
O MUMIA foi o segundo festival de animação do Brasil. O primeiro é o Animamundi, que este ano está na 17ª edição. O nosso festival já tem sete anos e começou como uma brincadeira. Quando eu comecei a fazer cinema meus curtas passavam em vários festivais mas não passavam em BH. Aí eu tive a idéia de fazer um festival aqui que não teria seleção, diferente de todos os outros. Então tudo que fosse enviado seria exibido. Meus únicos cortes foram: os trabalhos deveriam ser de animação em até 15 minutos. E ainda hoje não temos seleção. Começamos timidamente então no Museu Histórico Abílio Barreto. E na 3ª Edição, única vez que tivemos algum patrocínio, por meio da Lei Municipal de Cultura, a gente veio para o Cine Humberto Mauro. Trouxemos o Otto Guerra, fizemos uma oficina e o MUMIA começou a ser mais conhecido a partir de então. E hoje o MUMIA faz parte do calendário turístico de BH, faz parte do guia Kinoforum dos festivais do Brasil, tem apoio do Festival Internacional de Curtas de São Paulo. E ao trazer o festival aqui para o Humberto Mauro o público cresceu, porque é uma sala conhecida, respeitada, que traz o cinema distinto para BH. E ainda é uma mostra feita sem patrocínio, só com apoio. E isso não é uma proposta estética, apesar de consolidar a proposta do festival. Mas eu acho que isso acontece porque as pessoas ainda não reconheceram o grande filão que é a animação.

E quais os detalhes que você já pode nos adiantar sobre a edição deste ano?
Esse ano o MUMIA vai acontecer junto com o Dia Internacional da Animação, que é 28 de outubro. Então eu estou tentando criar uma rede para que nesta data vários lugares de Belo Horizonte estejam exibindo animação. Serão 24 horas de animação invadindo a cidade. Sobre filmes que exibiremos, podemos adiantar que vamos abrir a mostra com o curta Hot Gog e o longa Idiots and Angels, ambos do Bill Plympton. Sobre essas referências de animação, talvez o Bill Plympton seja um dos mais famosos, contemporâneo, um cara que produz anualmente. Vamos ter também uma mostra especial de um festival do México chamado Animasivo, uma mostra especial de um realizador português chamado Abi Feijó e uma mostra especial de animações finlandesas. Espero exibir 140 animações no total.


http://fcs.mg.gov.br/conteudos/detalhes.aspx?IdCanal=17&IdMateria=579

http://www.fcs.mg.gov.br/agenda/detalhes.aspx?IdAgenda=1064

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