Macacos me Mordam, de Sávio Leite, César Maurício -
ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 9MIN, 2012, MG
Por Cid Nader
16ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES - Sexta-feira -
(publicado: 26/01/2013)
“Ai de quem preguiçosamente descascasse uma banana”... Isso,
lido pela voz quase vagabunda de Paulo César Peréio já poderia significar a
máxima representação do que é essa animação de Sávio Leite e César Maurício...
A grife “escracho Sávio Leite” está lá: escracho no sentido de que por desenho
se diz o que se quereria, mas nos contemos. O conto de Fernando Sabino no qual
foi inspirado o curta é uma preciosidade por si, no texto que sugere
inconformidades e perseguições, no humor seco e preciso, nas sacadas (como a
que inicia esse texto). A utilização de Peréio na narração, contribui demais
para aumentar o tom do sarcasmo, e combina demais com os traços bastante
específicos e propositalmente sujos da animação.
Animação de ponta de lápis, com boa parte de suas imagens
abastecidas pelo PB tradicional nesses casos – traços que variam dos mais
singelos e dóceis de uma linha só aos “poluídos” por preenchimento total dos
espaços – mas que sugere instantes mais inespecíficos de azul escuro, e outros
mais necessários na utilização do vermelho. Inquestionável a qualidade do
obtido visualmente, de raros e nada “vagabundos” movimentos, de inventividade
nos quadros (como se fossem tomadas diferentes de câmera), de inventividade
pela não adequação aos modelos mais comuns (isso sei que é de Sávio, não sei o
quanto de César). E extremamente competente e direto como trabalho fechado
(âmago e estética). Quando pensava em filme mais “desbocado” (Peréio e Sávio
Leite juntos...), deparo com obra aparentemente simples e bastante complexa: e
ótima, talvez maravilhosa, nessa “equação” de se disfarçar e oferecer
(ostentar) muito.
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