Marko Ajdaric e Sávio Leite, realizadores do curtíssimo
Nego, utilizam os quadrinhos como força motriz visual e dramática para fazer um
tributo a um dos mais importantes intelectuais da raça negra que o Brasil já
conheceu: Teodoro Fernandes Sampaio (1855/1937). Sobre ser um filme
aparentemente tosco à primeira vista, o é, no entanto, como fator estético
apenas, um elemento, aliás, da expressão audiovisual contemporânea. Filho de
uma escrava e de um padre, nascido em Santo Amaro da Purificação (Bahia), entre
outras contribuições importantes para a cultura brasileira, Teodoro Sampaio se
distinguiu pelo seu imenso conhecimento das línguas indígenas e seus livros O
tupi na geografia nacional (1901) e Dicionário histórico, geográfico e
etnográfico do Brasil (1922) são contribuições definitivas para uma análise
perfuratriz da História, Geografia e Etnografia do Brasil. O tributo de Ajdaric
e Leite, através do discurso cinematográfico, é uma tentativa de fazer ver,
usando recursos dos quadrinhos e do depoimento, a importância desse
intelectual.
André Setaro - crítico e professor de comunicação na
Universidade Federal da Bahia
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